Para o atendimento da carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN), o Operador Nacional do Sistema (ONS) realiza o despacho das usinas térmicas e hidrelétricas de acordo com os resultados dos modelos de otimização Newave e Decomp. Além disso, faz o abatimento da carga com as pequenas usinas: biomassa, eólicas e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s).
O objetivo dos modelos de otimização é o de minimizar o custo total da operação, considerando as usinas disponíveis no sistema. As hidrelétricas são despachadas considerando o seu valor da água. As térmicas são despachadas por ordem de mérito (da mais barata até a mais cara para o atendimento da carga). Em um momento de menos chuva, o modelo otimiza: guarda mais água nos reservatórios, gera maior quantidade de energia nas térmicas e, com isso, o preço encarece. Quando as afluências estão mais altas, o modelo decide gerar mais com hidrelétricas e o custo da operação cai.
Os modelos também apresentam como resultado o Custo Marginal da Operação (CMO), que significa o custo da próxima oferta para o atendimento de uma unidade adicional de carga. O gráfico abaixo mostra a disponibilidade térmica na região Sudeste para a terceira semana de setembro, com os respectivos Custos Variáveis Unitários (CVu’s) das usinas:
Como exemplo, as usinas com disponibilidade (em azul) são as térmicas despachadas por ordem de mérito para esta semana apenas na região Sudeste. Como se percebe, as térmicas possuem disponibilidades e CVu’s variados, ou seja, não aumentam linearmente. Como o CMO para esta semana foi de 182,68 R$/MWh, todas as térmicas abaixo deste custo são despachadas por ordem de mérito.
As usinas em vermelho no gráfico são as despachadas fora da ordem de mérito, contribuindo para o aumento do nível dos reservatórios. São remuneradas via Encargos de Serviços do Sistema por segurança energética (ESS). Elas possuem um CVu acima do CMO e abaixo de 600 R$/MWh. Este valor teto de 600 R$/MWh para o despacho por segurança energética foi definido pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), com base em estudo do ONS, o qual mostra que o despacho acima deste valor não seria necessário para o sistema, uma vez que não teríamos risco de atendimento ao SIN.
As usinas em verde, acima dos 600 R$/MWh, estavam gerando anteriormente para garantir a segurança energética. Desde a decisão do CMSE, de 8 de agosto de 2015, elas pararam de gerar fora da ordem de mérito.
Existem dois decks – conjunto de arquivos para simular os modelos – oficiais para Newave e Decomp. As diferenças entre esses decks e os do ONS e da CCEE são:
- O ONS ‘roda’ os decks considerando as usinas em teste porque entram para o atendimento da carga do SIN, e consideram restrições elétricas internas ao submercado.
- O deck da CCEE não considera usinas em teste, são retiradas as restrições elétricas internas ao submercado, entre outras diferenças.
O CMO resultante da otimização dos modelos realizada pela CCEE é a base do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças). Então, o CMO será igual ao PLD desde que esteja entre os limites mínimo e máximo fixados pela Aneel. O PLD mínimo e máximo, em 2015, é de R$30,26/MWh e R$388,48/MWh, respectivamente.
O modelo que minimiza o custo total da operação também influencia no preço das negociações de mercado, principalmente quando está próximo do produto negociado. A previsão do PLD implica em um acompanhamento diário das previsões de afluências, de modo a assessorar consumidores cativos e livres quanto ao melhor período para contratação de energia.
Exemplo da alteração do preço de curto prazo, baseado na curva do PLD: