Consumir energia elétrica gerada a partir de fontes ambientalmente amigáveis, como usinas eólicas, de energia solar fotovoltaica, de biomassa e hidrelétricas, todas de pequeno porte, permitiu a empresas clientes da Comerc Energia evitar, em 2017, a emissão de gases de efeito estufa em mais de 701,8 mil toneladas, o que equivale a um projeto de reflorestamento de 5 milhões de árvores. O valor é recorde desde o início da série histórica que teve início em 2009, quando o cálculo da redução das emissões dos clientes da Comerc começou a ser feito pela metodologia desenvolvida pela empresa de consultoria Sinerconsult em conjunto com a Comerc.
No total, nos últimos nove anos, os clientes da Comerc evitaram que 2,87 milhões de toneladas de gases de efeito estufa chegassem à atmosfera, um esforço que correspondente ao plantio de aproximadamente 20 milhões de árvores. “Isso só é possível no mercado livre de energia, onde a empresa, ao contratar a energia, define, a priori, de quais fontes quer comprar”, explica Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.
Consciência ambiental
Ainda que os cálculos da redução de emissões de toneladas de gás carbônico equivalente – ou seja, todos dos gases de efeito estufa – deram-se a partir do início de 2009, a Comerc só passou a emitir os certificados da Sinerconsult para seus clientes em 2010 atestando o volume de gases de efeito estufa não emitidos. Desde então, a empresa já conferiu 3.773 certificados a seus clientes que consomem energia limpa, os quais podem ser concedidos a organizações ou a unidades individuais de grandes empresas.
“Foi uma forma que encontramos para incentivar a nossa base de clientes a se engajar no consumo de energia limpa e, indiretamente, contribuir para ampliar a consciência ambiental na sociedade”, comenta o executivo. “Antes dos certificados Comerc – Sinerconsult, nossos clientes não tinham instrumento para aferir o resultado dos seus investimentos para diminuir suas pegadas de carbono”, acrescenta ele.
Poder de escolha
No mercado de energia cativo, ou seja, onde se compra de uma distribuidora de energia local a preços regulados, uma empresa não tem o poder de escolha sobre a fonte de energia que deseja consumir e acaba pagando pela energia gerada por uma cesta de fontes, que incluem, usinas termoelétricas (a base de petróleo, gás, carvão, óleo combustível ou outras fontes fósseis) e usinas hidrelétricas convencionais, que trazem um impacto ambiental maior pela inundação de terras e danos aos meios biofísicos.
Um ano de matriz elétrica 13,46% mais suja
Fernando Almeida Prado Jr.*, fundador da Sinerconsult e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), explica que, apesar de boa notícia, a redução na emissão de gases poluentes na base de clientes da Comerc ainda não reflete um processo de conscientização do mercado elétrico brasileiro como um todo, que registrou aumento nas emissões de gases de efeito estufa no período. “No grid interligado, as emissões de 2016 foram de 81,7 kg CO2/ MWh, enquanto, em 2017, de 92,7kg CO2/ MWh. Trocando em miúdos, a matriz do setor elétrico ficou “mais suja” em 2017 em aproximadamente 13,5%”, resume o professor. “Ao não consumir eletricidade no mercado cativo e optar pelas fontes renováveis de baixo impacto, essas empresas evitaram de participar da cesta de energias com maior dano ambiental e que representam a média do sistema interligado brasileiro”.
“Na contramão, há uma crescente demanda por energias de fonte mais limpa”, ressalta Vlavianos. Em todo o país, o número de consumidores especiais do mercado livre (os quais são obrigados pela legislação a apenas consumir de fontes incentivadas, todas renováveis) aumentou de 3.250 em 2016 para 4.318, em 2017, um acréscimo de 33%, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Em comparação, no caso dos grandes consumidores do mercado livre, que podem escolher comprar energia de qualquer fonte, inclusive as limpas, o aumento foi de 7%, fechando 2017 com 874 empresas.
Confira, abaixo, a evolução dos resultados auferidos pela metodologia Comerc – Sinerconsult desde 2009 junto à base de seus clientes.
(*) Fernando Almeida Prado Jr. é professor de pós-graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e tem se dedicado a estudar os efeitos do uso de energia nas mudanças climáticas no Brasil. Desenvolveu, juntamente com as equipes da Comerc, a metodologia de certificação voluntária da base de clientes da comercializadora. A metodologia já foi objeto de publicações em congressos e em revistas técnicas internacionais. Seu detalhamento está descrito em um capítulo do livro “Green Energy Advances”, de autoria de Fernando e Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc, que está em fase de editoração, a ser publicado proximamente no Reino Unido. A metodologia desenvolvida atende às práticas de governança ambiental recomendadas pelos critérios previstos pelo Acordo de Paris, sob a tutela da Organização das Nações Unidas (ONU).