A amônia é um dos 3 produtos químicos mais utilizados no mundo. Mas qual a sua relação com o hidrogênio verde (H₂V)?
A amônia é um dos 3 produtos químicos mais utilizados no mundo. Ela é matéria prima de fertilizantes agrícolas, produtos de limpeza e outros tantos processos industriais. O problema? A sua produção tradicional é uma das grandes fontes de emissões de carbono, pois é baseada em gás natural.
Em um momento crítico onde a pauta de sustentabilidade está no topo das discussões globais e a busca por alternativas de fontes limpas tem ganhado cada vez mais protagonismo, a amônia verde emerge como solução inovadora na forma como produzimos e utilizamos esse recurso.
Neste artigo, vamos explicar o que é a amônia verde, sua relação com o hidrogênio verde (H₂V) e como ambos desempenham um papel crucial na descarbonização em um propósito global de economia sustentável.
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Conheça o Hidrogênio Verde - o combustível do agora!
Antes de falarmos sobre a amônia verde, é preciso conhecer o hidrogênio verde, também chamado de combustível do futuro que, na verdade, já é uma realidade.
Levantamentos indicam que o mercado de hidrogênio verde pode movimentar entre US$15 bilhões e US$20 bilhões anuais até 2040.
No Plano Trienal do Programa Nacional do Hidrogênio, o governo brasileiro apresentou a meta de colaborar e incentivar a construção de projetos piloto de geração de hidrogênio de baixo carbono, e hubs de produção e consumo pelo país.
Esse apoio acontece porque a produção do hidrogênio verde não exige a utilização de insumos fósseis, como gás natural, petróleo e carvão, onde há grande emissão de gases de efeito estufa (CO₂) na atmosfera, que é o caso do hidrogênio hidrogênios cinza, preto e azul, por exemplo.
A produção do Hidrogênio Verde é realizada por meio da eletrólise, onde a água é “quebrada”, se utilizando energia elétrica, e como resultado há a produção de hidrogênio e oxigênio, por isso, desde que se utilize energia elétrica proveniente de uma fonte renovável - eólica e solar, por exemplo - ele é considerado 100% sustentável.
A cor do hidrogênio indica o método de produção e o nível de emissões de carbono associado. Confira o quadro abaixo:
Tipo de hidrogênio | Processo de Produção | Emissões de carbono | Fontes de energia utilizadas | Aplicações principais |
Hidrogênio Verde | Eletrólise da água com energia renovável | Zero durante a produção | Energia solar, eólica, hidrelétrica |
Transporte limpo, indústria sustentável, armazenamento de energia |
Hidrogênio Preto |
Reforma a vapor dos gases proveniente da gaseificação do carvão mineral, sem captura de carbono
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Altas
> consideráveis emissões de CO₂ |
Carvão Mineral
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Uso industrial
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Hidrogênio Cinza |
Reforma a vapor do gás natural
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Altas
> consideráveis emissões de CO₂ |
Gás natural fóssil.
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Uso industrial. É o tipo de hidrogênio mais produzido no mundo, através da reação conhecida como “reforma a vapor”
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Hidrogênio Azul |
Reforma a vapor do gás natural com captura e armazenamento de carbono (CCS).
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Mínimas
> captura eficiente do CO₂ emitido |
Gás natural fóssil.
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Indústria, transporte, armazenamento
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A Amônia Verde
A amônia é um composto químico formado por nitrogênio e hidrogênio (NH₃) A produção da amônia tradicional causa graves consequências para o meio ambiente, sendo responsável por cerca de 1% do total das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso acontece devido à utilização de combustíveis fósseis como matéria-prima.
Já a amônia verde apresenta a mesma composição química que a tradicional, no entanto, a produção é realizada utilizando fontes de energia renovável e métodos sustentáveis.
Ela é produzida a partir do hidrogênio verde, obtido através da reação de eletrólise utilizando eletricidade de fontes renováveis, reagindo com nitrogênio obtido da atmosfera, em processo que também utiliza fontes renováveis de energia elétrica. Em resumo, as fontes primárias da amônia verde são água, ar e energia do sol (lembrando que o ciclo hídrico, bem como os ventos têm como fonte primária de energia o sol).
Essa é uma explicação técnica para te informar que a amônia verde, ao contrário da tradicional, é altamente sustentável e versátil.
Algumas aplicações:
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Combustível Limpo: pode ser usada como combustível em motores de combustão interna e células de combustível, proporcionando uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.
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Armazenamento de Energia: opção promissora para armazenar energia excedente de fontes renováveis, como a energia solar e eólica.
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Indústrias Sustentáveis: A indústria química pode usar a amônia verde como matéria-prima, reduzindo assim as emissões de carbono associadas à produção de insumos.
A grande vantagem da amônia verde é que ela pode ser usada como um vetor energético e também armazenador de energia.
Construindo um mundo mais verde e sem pegada de carbono
As indústrias e setores que tradicionalmente dependem de combustíveis fósseis, podem fazer a transição para a amônia verde e hidrogênio verde como combustíveis em caldeiras, turbinas ou motores para gerar calor e eletricidade, reduzindo significativamente as suas emissões de CO₂.
O Brasil ocupa posição estratégica nesse cenário, pois tem uma das matrizes de energia mais limpas do mundo e ainda dispõe de um potencial enorme para novas usinas solares e eólicas, sem contar a produção de biogás.
Agentes da transformação
A Comerc Eficiência, vertical de eficiência energética do Grupo Comerc Energia, junto à Casa dos Ventos, firmou no início de 2023 uma parceria com a TransHydrogen Alliance (THA), para produção e exportação de amônia verde. Essa é uma iniciativa importante para todo o setor, e visa garantir uma cadeia de suprimentos para a transição energética dos países europeus.
“A essência da Comerc é a transição energética, aliando economia, excelência e sustentabilidade em todas as suas soluções. E, com hidrogênio e amônia verdes, junto à Casa dos Ventos, damos um importante passo em direção à descarbonização, tanto nacional como global. Estarmos à frente de um projeto deste porte, com empresas europeias, coloca o Brasil em evidência e nos posiciona como um importante player no setor”, afirma Marcel Haratz, Presidente da Comerc Eficiência.