Entender como funciona a fatura de energia da sua empresa é um grande passo para uma gestão estratégica.
A conta de luz está presente na vida de todos os consumidores de energia elétrica, e muitas vezes pode parecer um emaranhado com informações que fica difícil compreender. Você já se perguntou, por exemplo, o que é a demanda contratada de energia?
A demanda contratada é um dos elementos da conta de luz de consumidores em média e alta tensão, o chamado Grupo A. Neste artigo, vamos te explicar sobre:
- O que é demanda contratada
- Perfis de consumidores de energia
- Como funciona uma conta de luz de Grupo A
- Como calcular a demanda contratada
- Diferença Entre a Demanda Contratada e a Medição de Energia
Entender como funciona a fatura de energia da sua empresa é um grande passo para uma gestão estratégica. Vamos lá!
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O que é Demanda Contratada?
A demanda contratada é a quantidade máxima de energia elétrica que um consumidor de média ou alta tensão (Grupo A) se compromete a utilizar, de acordo com um contrato estabelecido com a distribuidora de energia.
Essa demanda é estipulada em quilowatts (kW) e representa a capacidade máxima de carga que esse consumidor pode demandar da rede elétrica em um determinado período. Ou seja, a energia necessária para que todos os equipamentos elétricos da sua empresa estejam ligados ao mesmo tempo.
❗ATENÇÃO: a demanda contratada não quer dizer demanda consumida, ou seja, não representa a quantidade de energia que a sua empresa utilizou.
O contrato de fornecimento de energia elétrica por demanda indica o valor que a empresa vai pagar referentes aos kilowatts contratados, independentemente se eles serão consumidos em sua totalidade ou não.
Caso o consumo da sua empresa seja maior que a demanda contratada, você será obrigado a pagar uma penalidade para a distribuidora, o que é chamado de ultrapassagem de demanda. Por esse motivo, é preciso entender o quanto de energia está sendo necessária para o seu pleno funcionamento, todos os meses do ano!
> Leia mais: Demanda contratada: conheça os impactos na rotina do consumidor livre
Perfis de consumidores de energia
Para que possamos entender ainda mais sobre a demanda contratada, é preciso explicar como funcionam os perfis de consumo de energia no Brasil. Os consumidores são divididos em dois grupos: o Grupo A e o Grupo B.
Cada um deles possui subgrupos. Essa demanda contratada está presente apenas nas contas de luz de Grupo A.
Grupo A
Consumidores ligados à média e alta tensão. São divididos nos seguintes subgrupos:
- A1, A2 e A3 - alta tensão;
- A3a e A4 média tensão;
- AS – sistema subterrâneo de distribuição
Subgrupo | Tensão (kV) | Perfil do Subgrupo |
A1 | 230kV | Alta Tensão - Grandes Consumidores |
A2 | 88kV a 138kV | Alta Tensão - Consumidores de Médio Porte |
A3 | 69kV | Alta Tensão - Consumidores de Pequeno Porte |
A3a | 30kV a 44kV | Média Tensão - Consumidores de Pequeno Porte |
A4 | 2,3kV a 25kV | Média Tensão - Pequenos Consumidores Comerciais |
AS | Inferior a 2,3 kV | Consumidores que utilizam a rede subterrânea de distribuição |
Grupo B
Consumidores que utilizam energia em baixa tensão, como as residências, estabelecimentos comerciais e outras unidades consumidoras de pequeno porte.
Como funciona a conta de luz do Grupo A (alta e média tensão)
No Grupo A, a conta de luz é composta pela medição da energia efetivamente consumida (em quilowatt-hora, kWh) e outros encargos, como tarifas e impostos. A soma desses valores resulta no montante a ser pago na fatura de energia elétrica.
Veja o que pode estar na sua conta de luz:
Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD)
Cobre os custos associados ao uso das redes de distribuição de energia elétrica, que levam a eletricidade da subestação da distribuidora até o consumidor final. A TUSD é calculada com base na demanda contratada e na quantidade de energia consumida.
Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST)
Cobre os custos associados à transmissão de energia elétrica das usinas geradoras até as subestações das distribuidoras. Assim como a TUSD, a TUST é baseada na demanda contratada e no consumo de energia e se restringe aos clientes A1.
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
Imposto estadual que incide sobre a energia elétrica consumida. A alíquota varia de estado para estado e pode representar uma parcela significativa da conta de energia.
PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)
Impostos federais que incidem sobre o faturamento da energia elétrica. As alíquotas variam conforme a legislação vigente.
CIP (Contribuição de Iluminação Pública)
Muitas cidades cobram uma taxa adicional na conta de energia elétrica para financiar a iluminação pública municipal.
Encargos Setoriais
Existem diversos encargos setoriais que podem ser cobrados na conta de energia elétrica, como o Encargo de Serviços do Sistema (ESS) e o Encargo de Energia de Reserva (EER). Esses encargos têm o objetivo de financiar programas e investimentos no setor elétrico.
Outras Taxas e Contribuições
Dependendo da região e das regulamentações locais, pode haver outras taxas e contribuições específicas incluídas na conta de energia.
> Leia mais: Quais são os cuidados necessários para aumentar ou reduzir a demanda contratada?
Como Identificar a Demanda Contratada na Conta de Luz?
Para encontrar a demanda contratada na conta de luz basta procurar a seção dedicada a informações contratuais ou detalhes do contrato. Normalmente, essa informação é exibida em kW e pode estar presente em um campo rotulado como "Demanda Contratada" ou similar.
Como Calcular a Demanda Contratada?
A demanda contratada não é calculada pelo consumidor, mas estipulada com base em negociações entre o consumidor e a distribuidora de energia, no momento da contratação. A distribuidora leva em consideração:
Perfil de Consumo Histórico
A análise dos dados de consumo de energia elétrica ao longo do tempo para identificar os picos de demanda e as flutuações sazonais. Essa análise ajuda a determinar qual é a demanda máxima que a empresa costuma atingir.
Tipo de Atividade
Indústrias, por exemplo, geralmente têm uma demanda maior devido ao uso de equipamentos de alto consumo energético, enquanto empresas comerciais podem ter demandas mais estáveis.
Horários de Operação
Empresas que operam 24 horas por dia, como hospitais ou indústrias de processamento contínuo, podem ter demandas contratadas mais elevadas para acomodar o uso constante de energia.
Potência dos Equipamentos
Equipamentos de alta potência exigem uma demanda contratada correspondente para fornecer energia suficiente durante o funcionamento.
Exigências de Segurança
Empresas que operam com sistemas de backup de energia podem precisar de uma demanda contratada maior para garantir a disponibilidade em situações críticas, por exemplo.
Política de Eficiência Energética
Empresas que implementam medidas de eficiência energética podem ter uma demanda contratada menor, pois estão reduzindo o consumo de energia. Isso pode resultar em economias significativas de custos.
Capacidade da Infraestrutura Local
Se a infraestrutura local não suportar uma demanda maior, a distribuidora pode limitar a capacidade contratada.
Projeções Futuras
Em alguns casos, a empresa pode considerar projeções futuras de crescimento ou mudanças em suas operações ao determinar a demanda contratada, garantindo que ela seja suficiente para acomodar o crescimento previsto.
Diferença Entre a Demanda Contratada e a Medição de Energia
Para simplificar o entendimento, a demanda contratada é a capacidade máxima de carga acordada no contrato, enquanto a medição de energia é a quantidade real de energia elétrica consumida. A diferença entre esses valores pode levar a custos adicionais se a demanda efetiva ultrapassar a demanda contratada, o que é conhecido como "ultrapassagem de demanda".
Uma alta demanda contratada, em relação à demanda máxima consumida/efetiva, pode resultar em custos mais elevados na conta de luz. O consumidor, então, paga por uma capacidade que não está sendo completamente utilizada, o que é geralmente representado por um fator de carga baixo. Isso pode significar prejuízo do ponto de vista financeiro.
Por outro lado, um baixo fator de carga não significa necessariamente que a demanda contratada deva ser reduzida, pois isso poderia levar a problemas de suprimento de energia em momentos de pico.
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