Metodologia exclusiva desenvolvida junto à Sinerconsult já concedeu mais de sete mil certificados a empresas que optam, voluntariamente, pelo consumo de energia elétrica proveniente de fontes renováveis
O consumo de energia elétrica gerada a partir de fontes ambientalmente amigáveis, como usinas eólicas, de energia solar fotovoltaica, de biomassa e hidrelétricas, todas de pequeno porte, permitiu que empresas clientes da Comerc Energia deixassem de emitir, nos últimos 10 anos, 4,1 milhões de toneladas de gases do efeito estufa – 636 mil toneladas só em 2019. O número é equivalente ao reflorestamento de 29 milhões de árvores – o que corresponde, em área, a aproximadamente 57 mil campos de futebol¹. Os dados são da Sinerconsult, empresa de consultoria de gerenciamento energético que desenvolveu, junto à Comerc, uma metodologia exclusiva baseada no GHG Protocol para certificar empresas que utilizam energia elétrica proveniente de fontes renováveis.
De acordo com Marcelo Ávila, nosso vice-presidente, o aumento no número de certificados emitidos – de 75 em 2009/2010 para 1965 em 2019 – reflete uma mudança de mentalidade nas empresas brasileiras, cada vez mais preocupadas em reduzir os impactos de suas atividades. “Além dos benefícios ao meio ambiente, o consumo de energia elétrica proveniente de fontes renováveis, como pequenas centrais hidroelétricas, bagaço de cana-de-açúcar ou eólica, tem se tornado cada vez mais viável economicamente. É uma combinação atrativa, especialmente se comparada às termelétricas, notadamente mais caras e poluidoras”.
O executivo comenta que a criação do Certificado Comerc Sinerconsult de Energia Renovável foi uma forma encontrada pela Comerc para incentivar o consumo de energia limpa entre seus clientes e, consequentemente, contribuir para ampliar a consciência ambiental na sociedade. “Antes dos certificados Comerc – Sinerconsult, nossos clientes não contavam com um instrumento para aferir, de forma concreta, o resultado de seus investimentos para redução das pegadas de carbono”, afirma Ávila.
A procura por fontes renováveis de energia deve crescer, ainda mais, nos próximos anos. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2019-2029, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o percentual de uso de energia solar dentro da matriz energética brasileira deve quadruplicar – passando de 2% para 8%. A demanda crescente por energias de fonte mais limpa deve contribuir, também, para o crescimento do mercado livre – visto que a opção da livre contratação para consumidores de energia de pequeno e médio porte é possível, apenas, para aqueles que optam por fontes renováveis de pequeno porte. No mercado cativo, a energia consumida é gerada por uma cesta de diferentes fontes, que inclui usinas termoelétricas – à base de petróleo, gás, carvão, óleo combustível e outras fontes fósseis – e usinas hidrelétricas convencionais, que acarretam maiores impactos ambientais (devido à inundação de terras) e sociais.
A relação entre pandemias e mudanças climáticas não é um tema recente, mas vem se intensificando nas últimas semanas – inclusive em discussões sobre as possibilidades de retomada econômica pós COVID-19. Além da declaração de que o tema será destaque da próxima edição do relatório do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, órgão das Nações Unidas (ONU), o anúncio de que países europeus, como a Alemanha, priorizarão medidas de recuperação da economia pautadas na proteção climática – incluindo uma nova meta de corte de emissões de gases de efeito estufa para toda a UE.
Fernando Almeida Prado Jr., fundador da Sinerconsult e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), explica que haverá uma mudança de mentalidade gradual, mas com efeitos imediatos. “Essa pandemia soou o alarme para questões ambientais que vinham sendo abordadas há anos, mas que apenas agora receberam a atenção necessária, como desmatamento e emissão de gases de feito estufa”. Para o especialista, os impactos causados ao meio ambiente devem ser observados por uma ótica coletiva “Quando falamos de mudanças climáticas, o cenário é distinto ao de uma pandemia – em que cada país pode adotar medidas isoladas, como o fechamento de fronteiras. Os gases poluentes emitidos pelas atividades de determinado país não se concentram apenas naquele território, mas atingem a todos a partir da sua concentração na atmosfera do planeta. O impacto é global, e o compromisso deve ser também”.
Para o especialista, a procura por fontes renováveis de energia – que vem se popularizando no Brasil – deve aumentar ainda mais nos próximos anos. “A energia proveniente de fontes renováveis, além de causar menos impacto ao meio ambiente, é financeiramente mais interessante”. Ao optar pelo uso de energia solar, por exemplo, uma empresa pode ter redução de, ao menos, 20% em seus gastos com energia elétrica, além de evitar que toneladas de gases poluentes sejam lançados na atmosfera.
Ano-base | Certificados emitidos | Toneladas de CO2eq que deixaram de ser emitidas | Equivalência em árvores |
2009 – 2010* | 75 | 98.180,56 | 567.904,58 |
2011 | 120 | 66.334,57 | 358.203,24 |
2012 | 192 | 111.248,36 | 778.738,53 |
2013 | 385 | 344.337,79 | 2.410.364,53 |
2014 | 474 | 528.496,53 | 3.699.475,71 |
2015 | 326 | 550.516,87 | 3.853.618,09 |
2016 | 996 | 473.668,40 | 3.315.678,82 |
2017 | 1.130 | 701.854,64 | 4.912.982,48 |
2018 | 1.659 | 669.113,84 | 4.683.772 |
2019 | 1.965 | 636.028,210 | 4.452.184 |
2009 a 2019 | 7.397 | 4.179.779,77 | 29.026.921,98 |
*Os primeiros certificados foram emitidos em 2011, com os dados dos anos-base 2009 e 2010 em conjunto.
A partir de 2012, os certificados passaram a ser anuais, com dados referentes ao ano anterior.
Fernando Almeida Prado Jr. é professor de pós-graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e tem se dedicado a estudar os efeitos do uso de energia nas mudanças climáticas no Brasil. Desenvolveu, junto à equipes da Comerc, a metodologia de certificação voluntária da base de clientes da comercializadora – metodologia que já foi objeto de publicações em congressos e em revistas técnicas internacionais. Seu detalhamento está descrito em um capítulo do livro “Green Energy Advances”, de autoria de Fernando e Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc (disponível aqui – em inglês). A metodologia atende às práticas de governança ambiental recomendadas pelos critérios previstos pelo Acordo de Paris, sob a tutela da Organização das Nações Unidas (ONU).
¹ “A matemática — em números alarmantes — da degradação do meio ambiente” – Prof. A. J. Gouvea. Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/meioambiente/0009.html.