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Nova metodologia de cálculo deve aumentar PLD

 

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Juliana_Chade

A especialista Juliana Chade comenta os impactos no preço da energia em 2017.

O governo anunciou mudanças na metodologia de cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que deverão entrar em vigor parcialmente em janeiro e integralmente em maio de 2017. As alterações são baseadas em estudos do Ministério de Minas e Energia (MME) e buscam dar mais segurança para o fornecimento de energia elétrica no país. Conversamos com a Juliana Chade, nossa especialista em preços de energia, sobre a importância do PLD e os efeitos da nova metodologia de cálculo para consumidores do mercado livre e do mercado cativo.

Panorama: Juliana, qual é a importância do PLD para o setor elétrico?

Juliana: O PLD é um termômetro do custo da geração da energia no país. Quanto mais baixo estiver o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, mais alto vai ser o PLD, porque teremos menos energia disponível para ser gerada. Essa situação pode levar ao acionamento de usinas térmicas, que custam mais caro. Por isso, o PLD indiretamente envia um sinal para os consumidores, como um alerta para o consumo consciente de energia elétrica.

O PLD tem o mesmo efeito sobre os consumidores livres e cativos? 

Ambos sentem os efeitos. Se o consumidor livre estiver 100% contratado e não precisar comprar ou liquidar energia no curto prazo, as oscilações no PLD não terão efeito sobre ele. O PLD é uma referência para os preços dos contratos de energia no mercado livre, ou seja, se o PLD estiver mais baixo, é mais provável que o consumidor consiga fechar um contrato por um preço mais interessante e vice-versa. Além disso, o consumidor livre também lida com o PLD se vier a comprar ou liquidar quantidades menores de energia em alguns meses, para fazer pequenos ajustes. Já no caso dos consumidores cativos, o efeito pode ser observado imediatamente na incidência de diferentes bandeiras tarifárias e, em um momento futuro, na revisão da tarifa das distribuidoras, que é determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). 

Em linhas gerais, como deve ficar esse cálculo em 2017? 

Basicamente, o cálculo semanal do PLD considera as perspectivas de geração de energia futura a partir da observação do cenário atual. Na prática, o nível dos reservatórios das hidrelétricas é o principal indicador, que pode aumentar ou diminuir de acordo com as afluências dos rios e com o ritmo do consumo de energia. A principal mudança anunciada pelo governo é nos parâmetros do CVAR (Conditional Value at Risk), uma metodologia de aversão ao risco que considera cenários futuros de afluências mais pessimistas. O que o governo fez foi deixar o CVAR com mais aversão a risco, considerando parâmetros de cenários ainda mais pessimistas do que na metodologia atual.  Outra mudança é no chamado custo do déficit, que é o custo do não atendimento da carga. No novo modelo, haverá apenas um patamar de custo de déficit. Essas mudanças entrarão em Consulta Pública e devem entrar em vigor em duas etapas: o novo custo de déficit em janeiro e as alterações no CVAR em maio de 2017.

Por que o governo decidiu alterar a metodologia de cálculo do PLD? 

O principal objetivo do CVAR é de reduzir o risco de falta de energia no sistema, aumentando os níveis dos reservatórios e evitando acionamentos de térmicas fora da ordem de mérito. Entretanto, mesmo com a metodologia já nos modelos, observa-se nos últimos anos a geração térmica fora da ordem de mérito. Isso indica que os parâmetros do CVAR não são mais tão eficientes e precisam de aprimoramento.

Qual deve ser o impacto dessa mudança nos preços da energia? 

Como os novos parâmetros de cálculo serão mais pessimistas, considerando cenários de maior escassez de água nos reservatórios e, consequentemente, maior acionamento de térmicas, o natural é que o PLD fique mais alto. 

Você tem alguma recomendação para os consumidores livres que precisam ficar de olho no PLD? 

Os consumidores livres devem sempre lembrar que o PLD continua sendo relevante após a contratação de energia no longo prazo, para os ajustes de sobra ou falta de energia em alguns meses. Na Comerc, nós disponibilizamos relatórios semanais detalhados com as tendências para o PLD a partir de análises de especialistas do nosso time, como estatísticos e meteorologistas.

 

Editado em 27/10/16 para inclusão de informações adicionais

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