Na COP28, países prometeram dobrar a taxa de melhorias na eficiência energética até 2030, mas, um ano depois, avanços permanecem limitados, aponta análise da Agência Internacional de Energia (IEA).
Uma nova análise da Agência Internacional de Energia (IEA) aponta que os países vão precisar intensificar significativamente seus esforços para cumprir a meta global de dobrar a taxa de melhorias na eficiência energética até 2030. As informações são do relatório anual da IEA, divulgado no início de novembro de 2024.
Na cúpula da COP28, no final de 2023, quase 200 países firmaram um acordo para dobrar coletivamente as melhorias em eficiência energética, o que significaria aumentá-la de 2% em 2022 para 4% até 2030.
De acordo com o relatório da IEA, o progresso global em eficiência energética – medido pela taxa de mudança na intensidade energética primária – será de somente 1% em 2024.
A sugestão para dobrar a taxa até o prazo estabelecido é acelerar a implementação de políticas, que melhorariam a segurança energética, reduzindo os custos de energia e as emissões de gases do efeito estufa.
Nesse sentido, mais investimentos serão necessários. No ano de 2024, o investimento em tecnologias de eficiência energética cresceu 4% e caminha para atingir um recorde histórico de 660 bilhões de dólares.
Apesar de representar um investimento expressivo, segundo a análise da IEA, as tecnologias mais eficientes se mostram muito menos custosas ao longo de sua vida útil, porque são mais baratas de operar. Um exemplo são os aparelhos de ar-condicionado mais eficientes que podem economizar até 40% nos custos totais em comparação com os ineficientes.
Embora insuficiente, progresso acontece
O novo relatório mostra que governos responsáveis por mais de 70% do consumo global de energia estão fazendo avanços significativos ao adotar ou atualizar políticas de eficiência energética em 2024.
- A União Europeia revisou os regulamentos para atingir um parque imobiliário com emissão zero até 2050;
- A China reformulou os padrões de eletrodomésticos e fortaleceu as metas nacionais de eficiência;
- Os EUA endureceram seus padrões de economia de combustível para veículos pesados;
- O Quênia tornou seu código de construção obrigatório para garantir que todos os novos edifícios sejam mais eficientes.
Eficiência energética significa fazer mais com a mesma quantidade de energia
Um dos principais benefícios do aumento da eficiência energética é obter mais das tecnologias cotidianas e dos processos industriais com a mesma quantidade de energia. O que implica em mais geração de empregos, cidades mais saudáveis e uma série de outros benefícios.
“Melhorar a eficiência de edifícios e veículos, bem como em outras áreas, é fundamental para as transições para energia limpa, pois simultaneamente melhora a segurança energética, reduz as contas de energia para os consumidores e reduz as emissões de gases de efeito estufa’, afirma a IEA.
Eficiência energética é essencial para transição dos combustíveis fósseis
Ainda de acordo com o estudo, acelerar as melhorias na eficiência energética pode contribuir com mais de um terço de todas as reduções de emissões de dióxido de carbono (CO₂) entre 2024 e 2030. Esse cenário é alinhado com outra meta global – a de zerar as emissões líquidas de CO₂ até 2050.
Para se ter uma ideia, entre 2010 e 2022, as melhorias na eficiência energética contribuíram para uma redução acumulada de quase 7 gigatoneladas (Gt) nas emissões globais de CO₂.
Brasil avança com iniciativas de eficiência energética, aponta relatório
O Brasil tem se destacado com diversas ações voltadas à eficiência energética, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA). Entre as iniciativas mencionadas, o Programa de Eficiência Energética exige que as concessionárias de energia destinem parte de sua receita para projetos na área. Metade desses investimentos foi direcionada a grupos de baixa renda, proporcionando uma economia de 15% no consumo de eletricidade.
Outra medida relevante citada no relatório é a iniciativa do governo de São Paulo, que implementou um mecanismo para cobrir garantias de financiamento destinado a pequenas e médias empresas interessadas em desenvolver projetos de eficiência energética. Essa ação faz parte do Programa Investimentos Transformadores de Eficiência Energética na Indústria (PotencializEE) e tem o objetivo de alavancar cerca de R$ 420 milhões em investimentos no setor.
Além disso, o Ministério de Minas e Energia anunciou um edital público de R$ 100 milhões, voltado para melhorar a eficiência energética de edifícios existentes. Os recursos serão destinados a reformas e à instalação de sistemas de geração distribuída renovável no setor público, reforçando o compromisso do país com o uso eficiente de energia.
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