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O que é PLD?
Dentre os cálculos feitos no Mercado Livre de Energia para dimensionar o consumo e os gastos com o insumo, o mais importante, com certeza, é o Preço de Liquidação de Diferenças - PLD.
Nesse texto, falaremos como é feito esse cálculo e qual a sua importância para a regulamentação das contratações, valores e relação entre os agentes do setor.
Preço de Liquidação de Diferenças (PLD)
A definição mais assertiva, que torna seu entendimento mais simples, é: o valor calculado para determinar a diferença entre a energia gerada ou contratada e o total que foi consumido pelo mercado.
Ou seja, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), leva em consideração o volume de energia gerado e o total que foi consumido, avaliando as sobras ou déficits, para garantir o equilíbrio entre as partes do sistema.
São considerados alguns pilares para complementar esse cálculo, como o volume de energia gerado, as condições climáticas, o preço dos combustíveis e também a demanda de energia dos consumidores.
O valor final serve como métrica para definir o valor da energia no Mercado de Curto Prazo (MCP) e esse é um dos motivos para que haja um acompanhamento diário desses valores.
Usando modelos matemáticos para chegar ao valor final, a CCEE calcula os valores para cada hora do dia seguinte, considerando a relação em R$/MWh.
>> Leia mais sobre quais fatores interferem no preço da energia no Brasil no blog Panorama.
Metodologia de preços
Pensando em como isso acontece na prática e tendo como predominante a geração de energia pelas hidrelétricas, vamos falar dos modelos computacionais que são programados para acompanhar esse movimento.
O primeiro deles é o NEWAVE, ferramenta de planejamento que estima os custos futuros da energia considerando o nível de água nos reservatórios, em um prazo de 5 anos. As principais variáveis nesse caso, são o armazenamento total, a tendência de consumo e a expansão das usinas. Esse mecanismo ajuda a montar estratégias de geração que impactam o MCP.
Outro modelo presente no processo de construção do PLD é o DECOMP, que considera períodos menores, de normalmente 2 meses, para adaptar planejamentos de curto prazo. Um dos resultados alcançados por esse método é o Custo Marginal de Operação, que serve como base para o valor final do PLD.
O Custo Marginal de Operação define o custo de produção do MWh seguinte que o sistema necessita, para cada submercado, por período. Esse cálculo é feito dividindo a variação do custo total pela variação da quantidade total de energia produzida.
Outro modelo, que considera o menor período de tempo para seus cálculos é o DESSEM. Em espaçamentos de 7 dias, ele determina o despacho das hidrelétricas e termelétricas que diminui os custos de operação no decorrer de um determinado período, com mais detalhes como os resultados do Decomp, os limites de transmissão, a geração alternativa e previsões de carga.
O Dessem é o modelo que serve para a execução de cálculos dos valores oficiais do PLD, desde 1º de janeiro de 2021.
Imagem CCEE
Fatores que influenciam o PLD
Hoje, por termos uma base hídrica em nossa matriz de geração, tudo que envolva o nível de armazenamento de água, influenciará nos resultados e valores da energia no país.
Outro ponto relevante é a variação de demanda de energia que o sistema elétrico precisa a cada hora. Cada uma das metodologias de preço citadas, consideram períodos específicos de geração e consumo para que haja uma boa previsibilidade e equilíbrio de preços.
Segundo dados da CCEE: “A base do PLD mínimo é o maior valor entre a Tarifa de Energia de Otimização da UHE Itaipu (TEOItaipu) e a Tarifa de Energia de Otimização (TEO) das outras usinas hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional - SIN. Para o PLD máximo, foram estabelecidos como margens o Limite máximo estrutural (PLDmax_estrutural) e o Limite máximo horário (PLDmax_horário).”
Isso nos mostra, que o sistema elétrico brasileiro, leva em consideração esses fatores para ter mais controle sobre a disponibilidade e o armazenamento de energia, justamente por termos como maiores geradores, as usinas hidrelétricas.
O PLD é um mecanismo que permite o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia. Então hoje, o gerador e o consumidor, ao visualizar o valor do PLD, saberá se houve sobra ou déficit de energia e se deverá descontar ou pagar algum valor.
Quando há divergência no abastecimento ou incapacidade estrutural na oferta de energia dentro do sistema, é calculado o custo do déficit de energia, que servirá de base para futuras programações operacionais.
O PLD usa diferentes parâmetros para trazer exatidão e funcionalidade para o setor elétrico e terá sempre como foco o histórico da diferença entre o volume gerado e o volume consumido.
Importância do PLD para o Mercado Livre
Os valores de energia encontrados no Mercado Livre, têm como base o PLD. Isso assegura as contratações e configura os acordos no MCP. Por isso, o consumidor final também sentirá as variações de valor.
O valor do PLD, que serve para liquidar as diferenças de energia encontradas, direciona as contratações e os valores que os consumidores devem pagar ou receber.
Se houver sobra de energia, o consumidor recebe um valor de acordo com o PLD. Mas se houver um déficit, o consumidor deverá pagar um valor, para assim, neutralizar as divergências.
Com o cálculo sendo feito por preço horário e publicado um dia antes, hoje, há a possibilidade de ajustar a unidade consumidora, a fim de aproveitar o valor da hora mais barata, o que pode ser uma ótima vantagem para os clientes.
Além disso, o PLD também tem influência nas operações estruturadas que acontecem no mercado livre, como a SWAP. A otimização do sistema depende de ações rápidas que resolvam questões de sobra ou falta de energia e nesse momento, é o pagamento do valor do PLD que permitirá a transferência de energia.
>> Ouça a Ana Beatriz Reis, Executiva de Negócios da Comerc Energia, falando sobre Energia como otimizar custos de energia:
Análises e Projeções de PLD
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), é o instituto responsável por organizar a geração e as transferências de energia dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN). É esse órgão, fiscalizado pela Aneel, que garante a segurança de abastecimento de energia para todas as regiões, tendo trabalhos voltados principalmente para a otimização das operações, para a conexão entre os agentes do setor e para a qualidade de transmissão por um preço mais baixo.
Dentre os projetos em vigor, podemos falar sobre o Programa Mensal Da Operação (PMO), que consiste em reunir agentes e representantes para discutir possíveis estratégias de operação que potencializem o trabalho realizado pelo SIN, estudando cada período e cada patamar de carga.
As reuniões acontecem mensalmente de forma virtual e são transmitidas para que todos possam acessar as novas análises de funcionamento do sistema. Isso nos serve como material de apoio para complementar históricos e desenhar boas estratégias de atuação.
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