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Recessão e chuva ajudam a recuperar oferta de energia

Após dois anos conturbados, os riscos de falta de energia começam finalmente a ficar para trás. Com a melhora nas chuvas e principalmente a redução da atividade econômica, analistas já consideram inclusive a possibilidade de um alívio nas contas de luz neste ano, com a passagem da bandeira vermelha para a amarela – o que reduziria as tarifas em média em 6%.

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Após dois anos conturbados, os riscos de falta de energia começam finalmente a ficar para trás. Com a melhora nas chuvas e principalmente a redução da atividade econômica, analistas já consideram inclusive a possibilidade de um alívio nas contas de luz neste ano, com a passagem da bandeira vermelha para a amarela – o que reduziria as tarifas em média em 6%.

Nesta semana, o despacho das usinas térmicas, que produzem energia mais cara, atingiu o menor nível desde janeiro de 2014. A previsão do Operador Nacional do Sistema (ONS) é que a geração termelétrica tenha ficado em 11 gigawatts (GW) médios contra 17 GW médios no fim de junho.

“Mantivemos nosso cenário de geração térmica considerável, e mudança para bandeira amarela em 2016. Mas se as chuvas continuarem dentro da média histórica e a demanda continuar fraca, a partir de outubro, quando começa o período úmido, podemos ter alguma mudança”, diz a analista Carolina Carneiro, do Santander.

As bandeiras tarifárias variam de acordo com o despacho térmico. Quando o custo da térmica mais cara em operação está acima de R$ 388 por megawatt-hora (MWh), a bandeira é vermelha, o que implica taxa de R$ 5,50 a cada 100 kilowatts-hora (kWh). Entre R$ 388 e R$ 200 por MWh, a bandeira é amarela, com taxa de R$ 2,50/kWh. Abaixo disso, não há cobrança.

Normalmente, térmicas são acionadas de acordo com o custo de operação. Desde o ano passado, porém, para preservar o nível dos reservatórios, o ONS abandonou essa regra e tem despachado integralmente térmicas de base, que podem operar ininterruptamente.

Com isso, apesar de algumas usinas terem sido desligadas, a térmica de Xavantes, que tem o maior custo do sistema, de R$ 1.170 por MWh, ainda está em operação. Hoje, o ONS deve divulgar a política de operação prevista para agosto, mas a expectativa ainda é de manutenção das bandeiras vermelhas, apontou o diretor-geral de Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino.

O que analistas estão colocando na conta agora é se, com a melhora dos reservatórios, o ONS pode rever o cenário. “Podemos ter alguma bandeira amarela nos próximos meses, mas isso deve ocorrer de maneira mais pontual”, avalia Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc Energia.

Fonte: Valor Econômico

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Segundo ele, no inverno, com temperaturas mais amenas, cai a demanda por refrigeração. Além disso, as chuvas acima da média – principalmente no Sul, onde os reservatórios estão quase cheios – se somaram à geração de biomassa e eólicas, que tem seu pico no meio do ano. “Temos uma situação de conforto momentâneo, mas a manutenção vai depender do que vai vir de chuva e carga”, pondera.

Ao contrário do que costuma ocorrer, o nível das represas das hidrelétricas se recuperou em pleno período seco. No Sudeste/Centro-Oeste, principal centro consumidor, passou de 33,5% ao fim de abril para 37,5% em julho.

A mudança ocorreu em meio ao aumento das chuvas, que ficaram cerca de 30% acima da média de longo prazo no Sudeste neste mês. Mas a principal contribuição veio da atividade econômica fraca: ontem, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revisou a previsão de consumo de energia para uma queda de 1,6% no ano.

Fonte: Valor Econômico

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“O sistema elétrico foi planejado considerando um crescimento de 4% do país. A demanda estimada para este ano, que deve cair quase 2%, tem funcionado como uma espécie de racionamento mais brando”, avalia o BTG Pactual em relatório.

O banco estima que a geração termelétrica vai se manter, em média a 14 GW médios até o fim do ano, mas avalia que isso será suficiente para trazer conforto ao abastecimento em 2016. Nas contas do analista Antonio Junqueira, com as térmicas despachadas, uma afluência a 80% da média no período chuvoso seria suficiente para levar o nível dos reservatórios do país a 67% no fim de abril. “Os investidores não devem ignorar as chances de que 2016 se mostrará muito diferente do período de 2013 a 2015″, afirma.

Ricardo Savoia, da Thymos Energia, considera a bandeira vermelha até meados de 2016, mas pondera que a principal variável a se observar é a atividade econômica. “Se a atividade se deteriorar ainda mais no segundo semestre, pode abrir espaço para uma mudança de cenário”, afirma.

Para a consultoria PSR, é cedo para se avaliar o desligamento das térmicas. “O mais prudente é continuar preservando a água nos reservatórios e aguardar o fim do período seco para então avaliar a necessidade (ou não) de manutenção da geração termelétrica”, pondera a sócia Priscila Lino. A previsão é de bandeiras vermelhas até o fim de 2015.

Para Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), independentemente da mudança do mecanismos de bandeiras, a redução do despacho térmico é uma boa notícia, pois reduz o preço da energia que é repassado para os consumidores nos reajustes anuais.

De acordo com ele, quando o despacho térmico é de até 6 GW médios, o custo associado é de R$ 500 milhões. Quando atinge os 12 GW médios, sobe sete vezes, para R$ 3,5 bilhões. “Conforme a demanda aumenta, vão sendo acionadas térmicas cada vez mais caras e há um aumento de custos exponencial”, explica.

Fonte: Valor Econômico | Sexta-feira, 31 de julho de 2015 | Ano 16 | Número 3810

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