Teresina assumiu o posto de capital brasileira com o mais atrativo payback (taxa de retorno) para projetos residenciais de energia solar (baixa tensão), com as regras vigentes atualmente. Um investimento na capital piauiense se paga em apenas 2,85 anos. Já do ponto de vista de pequenos comércios e indústrias (média tensão), Vitória se destacou, com o investimento sendo justificado em apenas 4,75 anos.
No ranking residencial, Teresina subiu do 2º para o 1º posto, se comparado com o Índice Comerc Solar de abril deste ano, deixando para trás Belém (2,92 anos) e Grande Rio de Janeiro (2,93).
O destaque na lista de projetos residenciais fica por conta de Brasília, que subiu de 18º para 13º, e Porto Velho, que melhorou quatro posições no ranking (22º para 18º). O contraponto foi a queda de três posições das capitais da Bahia, Salvador, e do Ceará, Fortaleza.
Segundo Marcel Haratz, diretor da Comerc ESCO, entre os três fatores que são estudados pelo Índice Comerc Solar – insolação, custo de equipamentos fotovoltaicos e flutuação das tarifas de energia – o último tópico tem sido o que mais impacta a definição do payback. “Quanto mais alta a tarifa, mais vantajoso é o investimento em energia solar. Avaliando os resultados do ranking para projetos residenciais, por exemplo, é possível afirmar que a taxa de retorno ao custear painéis de energia solar é excelente – muito melhor do que muitos investimentos bancários”, explica o executivo.
Haratz também complementa que, mesmo no caso dos piores resultados, como São Paulo e Curitiba o retorno é positivo para quem investe em projetos solares, uma vez que o valor investido em painéis solares com vida útil de aproximadamente 20 anos se paga em apenas cinco.
Média Tensão – Comércios e pequenas indústrias
Pulando quatro posições no ranking, Vitória deixou o 5º posto no Índice Comerc de abril para assumir a liderança em projetos de energia solar para comércios e pequenas indústrias apurado neste mês de novembro. A capital capixaba deixou para trás a região metropolitana do Rio de Janeiro e Manaus, empatados com 4,81 anos de payback.
Os destaques negativos em relação ao ranking de comércio e pequenas indústrias ficou por conta de Goiânia e Brasília, que tiveram perdas de mais de meio ano em seus respectivos paybacks. A capital de Goiás despencou do segundo para o sétimo posto, enquanto Brasília caiu do quarto lugar para o 10º entre os meses de abril e novembro.
Ameaça ao payback de projetos solares
A mudança no sistema de compensação de créditos de energia solar proposta pela Agência Nacional de Energia Elétrica pode resultar no aumento da taxação de indivíduos que produzem energia própria. A proposta da Aneel está em consulta pública até o final de dezembro, mas deverá impactar diretamente a taxa de retorno para projetos solares.
Ainda não está claro o formato final da proposta da Aneel, que conta com várias possibilidades, mas o pior cenário – em que não haveria o crédito de toda a parcela TUSD e demais componentes da tarifa de energia – pode resultar em uma taxa de retorno 188% pior, se compararmos por exemplo o payback da cidade de Macapá (3,90 anos no modelo atual vs 11,26 segundo a proposta da Aneel).
“Outro reflexo negativo seria que, enquanto temos um cenário competitivo no modelo atual, no qual quase todas as capitais brasileiras têm um payback que varia entre 3 e 5 anos, a proposta da Aneel pode fazer com que tenhamos taxas de retorno superiores a 9 ou 10 anos”, explica Marcel Haratz.
O mesmo ocorre no ranking de média tensão, mas em menor intensidade. O aumento no payback pode chegar a 66% no caso de Macapá.
A metodologia do Índice Comerc Solar
O payback de um projeto de energia solar representa uma fotografia do cenário atual brasileiro, feita e analisada pelo time da Comerc ESCO. Para sua formulação, leva-se em conta:
– Os valores vigentes das tarifas, sendo que para Baixa Tensão consideramos a Classe B3 e para Média Tensão a Classe A4;
– O payback considera valores médios de investimentos e o custo evitado com o sistema fotovoltaico para cada concessionária;
– A geração de energia do sistema considera condições ideais de instalação, tais como inclinação, orientação e ausência de sombreamento.
Eventuais alterações nas tarifas impactarão diretamente o resultado do Índice.